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Suspeito de assassinar Aline é preso em São Paulo

Polícia dará entrevista coletiva sobre o caso às 16h, em São Paulo. Outras mulheres relatam como a estrutura de atendimento não funciona em Sorocaba em caso de violência

João Maurício da Rosa (Portal Porque)

Paulo Rodrigo Juvêncio, 43 anos, acusado de ser o autor do feminicídio contra Aline Queiroga foi preso em São Paulo. Fotos: Divulgação Polícia Civil

A polícia divulgou que foi preso hoje, em São Paulo, por policiais militares, Paulo Rodrigo Juvêncio, de 43 anos, acusado de matar a psicóloga Aline Aparecida de Moura Queiroga na terça-feira (11). Segundo o comunicado, “o indiciado está sendo apresentado no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).” Hoje, às 16h, haverá coletiva de imprensa na capitall paulista para esclarecimentos sobre o caso. O Portal Porque continuará acompanhando o caso e publicará mais informações em breve.

FEMINICíDIO
O assassinato da psicóloga Aline Aparecida de Moura Queiroga, 34 anos, completou dez dias nesta sexta-feira (21). Aline foi morta com três tiros, no dia 11 passado, por volta das 13h30. Ela estava atrás do balcão da loja onde trabalhava no bairro Wanel Ville, Zona Oeste de Sorocaba. Paulo Juvêncio, com quem Aline se relacionou por menos de um ano, foi identificado como o autor dos disparos. Ele fugiu do local após roubar um carro no estacionamento da loja.

Antes de ser assassinada, Aline passou uma tarde inteira na DDM para denunciar que o ex-namorado havia quebrado a medida protetiva e incendiado sua motocicleta. Mas ela só conseguiu registrar a queixa por volta das 21 horas e denunciou ter sido maltratada por um policial que trabalha no atendimento às vítimas.

Outras vítimas
O assassinato de Aline teve ampla repercussão nas redes sociais e a Delegacia da Mulher recebeu críticas de leitores do Porque, em sua maioria mulheres, que relataram histórias que sofreram de mau atendimento.  A servidora pública Magali Blas Martinez, por exemplo, comentou que o atendimento na Delegacia da Mulher “foi lamentável pra não dizer outra coisa”. De acordo com ela, este atendimento pode ser um impedimento para muitas mulheres prestarem queixa. “Pra começar o atendimento deveria ser feito por mulheres ( pelo menos no acolhimento e início). Além do mais, ela tinha medida protetiva”, observou.

Magali se recordou de que já esteve na DDM para prestar uma denúncia contra um vizinho que a assediava. “Fui orientada a pensar bem, já que o sujeito era um coronel aposentado e casado também. E que isso poderia trazer mais problemas”, relatou. A solução segundo ela, foi vender o imóvel e se mudar.

“Como então pessoas sem nenhuma rede de proteção e condições vai denunciar? A impressão que tem é que não querem problemas, além de serem partes desse mundo machista.. nessa hora de vítimas passamos a ser julgadas.. é o fim. Lamento pela Aline, pela sua mãe, seu filho e familiares e amigos que a amavam .. porque justiça será difícil fazer com essa cumplicidade do mal”, completou Magali.

A psicóloga Michele Matarazzo anotou na página do Instagram do Portal Porque que não é de hoje que se denuncia a ineficácia da rede de atendimento às mulheres que sofrem violência doméstica. “O problema não é somente a DDM. O município precisa rever a rede, os fluxos, equipar os serviços. Temos uma lei que fala sobre o auxílio aluguel para vítimas e que está só no papel… até ontem, pelo menos, não funcionava. Agora o vereador disse que começou a funcionar, mas a lei é de anos atrás!!! Descaso!!! Quantas famílias mais vão precisar sofrer para fazerem algo???”, indagou Michele.

Por sua vez, a administradora Alessandra Julio Paes, anota que, “infelizmente, o descrédito sobre a verdade da fala da mulher é banalizado, isso acontece no nosso dia a dia, ela gritava por socorro e nada aconteceu… infelizmente atinge a todas nós mulheres, não permanecer caladas frente às ameaças, meus sentimentos a esta família”.

Um dos raros homens a comentar o crime, José Mário Soldera, afirma que o caso de Aline é retrato do descaso do atual governo em pautas sociais. “Infelizmente, contamina as polícias do Estado”, afirma ele. O Portal Porque vem tentando entrevistar a delegada titular da DDM, Alessandra Silveira, desde o dia do crime. À mãe da vítima, Eliane, a delegada informou que seus investigadores estavam à caça do assassino através de “cruzamento de dados”.

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