Busca

Pacientes e funcionários denunciam caos no Centro de Diálise de Sorocaba

Pacientes aguardam atendimento em pé na recepção ou sentados na calçada em frente; funcionários fazem repouso no chão e enfermeiros cobram o piso nacional

João Maurício da Rosa (Portal Porque)
  • A aglomeração de pacientes é tanta que o CDTR mantém um funcionário exclusivamente para organizar a fila, o “coordenador de acesso”. Foto: João Maurício da Rosa/Porque
  • Os veículos trazem pacientes da região, que se enfileiram na frente do prédio. Foto: João Maurício da Rosa/Porque
  • Para ampliar o atendimento, a direção decidiu extinguir o espaço de repouso dos funcionários do terceiro piso e agora eles descansam no chão, sobre papelões. Foto: Cortesia

Na Rua Líbero Badaró, onde funciona o Centro de Diálise e Transplante Renal de Sorocaba (CDTR), o movimento de ambulâncias congestiona o trânsito. Os veículos trazem pacientes da região e se enfileiram na frente do prédio, inaugurado em 2021, quando o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) anunciou que o serviço atenderia 900 pessoas por dia.

Mas, está atendendo a apenas 300 e grande parte dos pacientes aguarda em pé na recepção ou sentados na calçada em frente. Para ampliar o atendimento, a direção decidiu extinguir o espaço de repouso dos funcionários do terceiro piso e agora eles descansam no chão, sobre papelões.

A aglomeração de pacientes é tanta que o CDTR mantém um funcionário exclusivamente para organizar a fila, o “coordenador de acesso”, Luís Cláudio Moura.  Cortês e atencioso, ele informou que a chefe do Departamento de Recursos Humanos, que é quem tem permissão de falar pela empresa, não poderia atender a reportagem porque estava havendo uma reunião da diretoria.

Mas, explicou que nem todos os dias há tanto paciente em pé na recepção. “É porque todo começo de mês tem procedimento de coleta”, argumentou ele. Mas, há controvérsia. Os pacientes reclamam que a aglomeração é diária e nesta quinta-feira (5) o prédio só estava limpo justamente por conta da reunião da diretoria.

Além do mais, existe uma diferença abismal entre os equipamentos disponíveis para pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) e dos planos de saúde particulares.  “As máquinas de diálise para a gente que é do SUS, só Deus na causa. Misericórdia! Quem tem plano de saúde é atendido no primeiro andar, tudo novo, zero bala”, queixou-se um paciente.

O acúmulo de reclamações de pacientes e de funcionários levou o Conselho Municipal de Saúde e o Sindicato dos Trabalhadores em Saúde de Sorocaba e Região a programar uma visita ao estabelecimento na próxima segunda-feira (9).

“Vamos procurar saber quais foram as metas contratadas pela Prefeitura e se estão sendo atendidas e tentar entender as contradições do estabelecimento. Por exemplo, por que pacientes de Sorocaba e Votorantim têm que buscar atendimento em Itu e pacientes de Itu vem a Sorocaba? Por que, estabelecimentos tradicionais como o Instituto de Hemodiálise de Sorocaba, ligado ao Hospital Evangélico, não participa do atendimento?”, indaga o conselheiro municipal de Saúde, Izídio de Brito.

Além disso, Izídio acrescenta que pedirá à direção do CDTR informações sobre o tamanho do contrato firmado com a Prefeitura de Sorocaba. “Valor do contrato, número de atendimentos, perfil dos pacientes e metas a serem cumpridas”, informou.

As indagações do conselheiro contêm críticas  ao que ele considera “apego do prefeito Rodrigo Manga pela precarização dos serviços públicos através de parcerias público-privadas com empresas de fora de Sorocaba e sem um planejamento prévio”.

De acordo com Izídio, esta parceria resultou no caos constatado pela reportagem, com falta de acomodações, falta de funcionários e até mesmo no descumprimento de obrigações trabalhistas como o pagamento do piso nacional da enfermagem.

O Portal Porque, como tem feito regularmente, encaminhou uma série de questionamentos à Secretaria de Comunicação da Prefeitura e deixa espaço em aberto para eventual resposta da Secretaria Municipal de Saúde, responsável pela fiscalização do contrato com o CDTR.

mais
sobre
Diálise piso nacional da enfermagem PPP precarização região sorocaba terceirização
LEIA
+