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Nascente do Jardim Santa Luiza está abandonada e recebe esgoto in natura

Local antes era usado para o lazer dos moradores. Agora é local de descarte de todo tipo de lixo e entulho. Há perigo de dengue

Fabiana Blazeck Sorrilha (Portal Porque)
  • Sujeira na nascente do córrego do Jardim Santa Luiza prejudica a área verde do local. Foto: Fabiana Sorrilha
  • Há restos de móveis e entulhos prejudicando o curso do fio de água que restou da nascente. Foto: Renata Rocha
  • Moradoras Márcia, Cleide, Célia e Érika mostraram todos os problemas do bairro, que já são antigos. Foto: Renata Rocha
  • Antonio Néspoli opina que governo municipal precisa olhar pelas pessoas do bairro. Foto: Renata Rocha

A denúncia de mato alto e do lixo jogado numa área verde do Jardim Santa Luiza feita pelo secretário de organização do SMetal (Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região), Izídio de Brito, e divulgada por um meio da imprensa, fez com que o governo municipal se mexesse para “arrumar a casa”. Na manhã da terça-feira (02), havia funcionários da Prefeitura roçando nos locais “onde os olhos veem” e uma equipe de tapa-buraco numa das ruas de entrada do bairro. E há a promessa de que o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) passaria pelo local nessa tarde. “O prefeito vem, precisamos deixar tudo em ordem”, disse um dos trabalhadores.

Mas há mais a fazer no bairro, além de capinar mato e tapar buracos por onde o prefeito pretende passar. Uma das demandas mais urgentes é a nascente de um córrego que corta o bairro em direção ao Paineiras, que praticamente secou por conta de tanto entulho, móveis velhos e sujeiras descartados no local. Se não bastasse, ainda tem recebido o esgoto in natura de casas próximas.

Os moradores chegaram a acionar a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), que respondeu que a fiscalização por despejo de esgoto é de responsabilidade do Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto).

Nascente era limpa
O aposentado Antonio Néspoli mora no bairro há 36 anos e conta que a área da nascente era limpa e dava para usar até em momentos de lazer. Agora, está tudo sujo. Ele cita que a situação das famílias próximas é ruim e que a Prefeitura precisa dar atenção para as pessoas que moram na comunidade acima do córrego, regularizando as ligações de energia elétrica e canalizando o esgoto.

O esgoto que sai das casas corre pela guia da rua Mário Borghi e desce até o início da mata, deixando um rastro de mau cheiro. “Olha a situação disso aqui”, protesta a salgadeira Maria Célia Cordeiro Pereira, que está no bairro há 40 anos. Ela lembra que era possível andar por toda a área verde e consumir água do córrego, de tão limpo que era.

Mata adentro, as moradoras relatam ser muito comum encontrar cobras e escorpiões e que, frequentemente, esses bichos peçonhentos invadem as casas. Há também o risco de criadouros do mosquito da dengue, já que há embalagens, tampinhas, garrafas plásticas e pneus pela área.

Se não bastasse a sujeira, a metalúrgica Cleide Bueno da Silva conta que sua filha já correu o risco de ser estuprada ali quando um homem ameaçou puxá-la mata adentro. A própria Cleide já sofreu um assalto e uma tentativa no local, mas conseguiu se desvencilhar dos bandidos.

Ponte precária
Na área verde também há uma ponte de madeira que precisa de atenção. Os moradores usam a estrutura para cortar o bairro em direção a escolas, creche, unidade de saúde e outros pontos de interesse como comércios. As crianças que vão para as aulas utilizam o local diariamente, com risco de queda, alerta uma das mães. A promessa é que o local ganhe uma nova ponte, assim como o barranco cheio de erosões tenha contenção de concreto e o local ganhe iluminação pública.

Ação no Ministério Público
Há anos pedindo a limpeza da área verde, os moradores cansaram de esperar e gritaram por socorro. Izídio esteve várias vezes no bairro, e diante da situação de desprezo aos inúmeros apelos dos moradores pedindo ajuda ao governo municipal, fez um documento que será protocolado no Ministério Público solicitando providências imediatas ao poder público. “É muito descaso que não pode ser ignorado”, afirma. O sindicalista, que também faz parte do Conselho Municipal de Saúde, ficou ainda preocupado com a situação da área verde, especialmente diante da epidemia de dengue que assola Sorocaba. “Como os moradores já fizeram inúmeras queixas à Prefeitura e nada foi resolvido, vamos apelar a outras instâncias,” emendou.

O Portal Porque enviou questionamentos à Secretaria de Comunicação do governo Manga para saber efetivamente o que está previsto de melhorias para o bairro e qual o prazo de início e término das obras e demais intervenções no local. Até o momento, não houve retorno.

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