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Morte de Aline gera onda prisões e reclamações contra DDM e Ministério Público

DDM promove caça a acusados de quebrar medidas protetivas e entidades de unem para exigir apuração de mau atendimento na delegacia

João Maurício da Rosa (Portal Porque)

Localizada no Campolim, DDM é o principal órgão de combate a violência contra mulheres na cidade. Foto: Divulgação/Governo do Estado de SP

Desde o dia 11 de junho, quando a psicóloga Aline Aparecida de Moura Queiroga, 34, foi assassinada atrás do balcão da loja onde trabalhava no bairro Wanel Ville, a DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) e o MPSP (Ministério Público do Estado de São Paulo) se tornaram alvo de críticas. Diversas mulheres manifestaram indignação nas redes sociais e também em frente ao prédio da força policial pelo mau tratamento que disseram ter recebido no interior da DDM quando foram buscar ajuda.

A DDM deu uma resposta na última terça-feira (25) prendendo sete homens acusados de violência doméstica, mas a operação não foi suficiente para afastar as críticas. Tanto que a onda de reclamações acabou convertendo-se em uma representação ao MP e à Polícia Civil assinada por 39 organizações sociais voltadas às minorias, além de seis parentes de Aline.

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As entidades solicitam investigação minuciosa do caso de feminicídio de Aline, que ocorreu mesmo depois de denúncias feitas por ela. A representação foi protocolada pelas advogadas Emanuela Barros e Roberta Guimarães Pereira.

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O documento deixa evidente a falta de atuação por parte da promotoria e da entidade de segurança pública quando Aline pedia ajuda por estar sofrendo ameaças do ex-namorado, Paulo Rodrigo Juvêncio. De acordo com a representação, “a atuação do promotor não se pautou na perspectiva de gênero num caso específico de violência contra a mulher, culminando no feminicídio”.

Manu Barros conta que, diante do desabafo de Aline nas redes sociais e seu assassinato dias depois, familiares dela as procuraram, pois, sabem da luta e da indignação diante do desmantelamento das políticas públicas de defesa das mulheres.

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Operação
Na última terça-feira (25), a DDM obteve mandados de prisão contra doze homens acusados de violência doméstica e descumprimento de medidas protetivas na região de Sorocaba. A notícia deveria ter sido divulgada em entrevista coletiva na quinta-feira (27), mas o evento foi adiado e a matéria acabou sendo noticiada apenas por uma parte da mídia. O Portal Porque não recebeu a nota enviada pela polícia aos demais órgãos de imprensa da cidade.

De acordo com a Polícia Civil, foram cumpridos sete dos 12 mandados de prisão preventiva contra homens que descumpriram medidas protetivas, quando o acusado é obrigado a manter distância da vítima, proibindo qualquer contato, mesmo que por telefone.

Segundo o delegado Rodrigo Ayres, assistente do Deinter 7 (Departamento de Polícia Judiciária do Interior 7), a entrevista coletiva da última quinta-feira foi adiada em razão de outra operação que estava em andamento na ocasião e que a operação da DDM ainda está trabalhando para a prisão dos demais acusados.

Em entrevista ao Porque, o delegado informou que um processo administrativo foi instaurado para ouvir o funcionário que teria maltratado Aline quando ela passou toda uma tarde para registrar um boletim de ocorrência. Ayres disse ainda que a DDM terá um reforço no atendimento com as novas policiais que estão em curso de formação na Academia de Polícia. “São jovens com formação focando em grupos sociais minoritários”, afirmou.

Delegado Rodrigo Ayres, assistente do Deinter 7: processo apura maus tratos. Foto: Renata Rocha/Portal Porque

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