Era por volta das 14h30 quando Sebastião José de Oliveira, 80 anos, e a esposa Rosimeire Campos Oliveira, 64, desceram a pequena viela da Favela Canta Sapo, zona norte de Sorocaba. Traziam nas mãos alguns pertences e a expectativa do retorno para o que, agora de fato, pode ser chamado de lar.
O casal de idosos vivia em uma situação de extrema precariedade. A casa tinha inúmeros problemas de infraestrutura e o principal deles era o banheiro. O espaço improvisado tinha um vaso quebrado e o esgoto corria pelo chão, dentro da residência. O caso, inclusive, foi denunciado pelo Portal Porque em 14 de setembro.
Na volta para casa, Sebastião e Rosimeire encontram um espaço totalmente reformado, sem o antigo esgoto evidente e o mau cheiro que impregnava o ambiente.
“Viu como ficou bom?”, diz Rosimeire para o esposo ao conhecer a nova casa. “Pois é, tinha aquele esgoto vazando aqui. Agora estou me sentindo feliz. Valeu a pena esperar”, completa Sebastião.
Solidariedade
Apesar da situação ter sido denunciada para Prefeitura de Sorocaba, a reforma só foi possível graças a uma força-tarefa de solidariedade, que uniu pessoas e instituições empenhadas em trazer um pouco de dignidade para o casal.
Quem comandou o projeto foi a arquiteta Juliana Cristina Borges de Lima, que ficou sensibilizada com o caso após a reportagem do Porque, esta publicada em 5 de outubro. Ela já comanda um trabalho de reformas em moradias de baixa renda e, para esse novo desafio, buscou parceiros que viabilizaram a obra.
“O que eles tinham não era um banheiro. Era um espaço improvisado, sem os fechamentos. Então, muitas vezes faziam as refeições no meio do esgoto, com o mau cheiro e quando estava calor piorava a situação. Nosso trabalho deu um banheiro novo para eles porque não tinham um espaço digno. Então, a gente devolveu a dignidade a eles”, comemora.
Emocionada, a líder comunitária Cristiane Tabata Lessa – que trouxe o caso ao Porque –, era só agradecimento. “Só de saber que eles não vão passar o restinho da vida vivendo daquele jeito miserável, a gente só tem a dizer gratidão a todos.”
A reforma contou com diversos parceiros: Centro Universitário Facens, Canteiro Solidário, ONG Realidades, Grasa Sorocaba, Juliana Pré-moldado, Hub Lar Arquitetura, além de doadores anônimos.
Espaços reformulados
Todos os espaços da residência foram reformulados. A cozinha ganhou pintura e piso novos, além de uma grande janela para garantir a circulação do ar. Sobrou até um cantinho para uma pequena lavanderia.
No outro cômodo, também totalmente renovado, o piso e a pintura garantiram um novo ar para o ambiente. Agora, o espaço proporciona mais segurança e tranquilidade para a movimentação do casal de idosos, além de terem recebido móveis novos.
O principal ponto de problema da antiga casa, no entanto, era o banheiro. O que se via antes era um vaso quebrado, pelo qual saía o esgoto que vinha da rua e corria pelo chão da residência.
O novo banheiro encontrado por Sebastião e Rosimeire tem azulejo e piso antiderrapante. Uma pequena pia e chuveiro também fazem parte do espaço. O vaso agora não tem quebraduras e o principal, o esgoto sai pelo encanamento para fora da casa.
Aliás, isso também foi obra da força-tarefa de solidariedade. O esgoto que corria livre pela viela agora passa por canos instalados pela equipe da reforma até a caixa de inspeção, eliminando o mau cheiro do local.
Favela ainda tem problema
A Favela Canta Sapo, localizada na zona norte de Sorocaba, ainda tem inúmeros problemas. Falta de saneamento básico, energia elétrica e espaço de cultura e lazer são algumas das situações que os moradores enfrentam há anos. O local, inclusive, foi tema de um podcast do Porque.
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Quem comandou o projeto foi a arquiteta Juliana Cristina Borges de Lima, que ficou sensibilizada com o caso após a reportagem do Porque. Foto: Renata Rocha/Portal Porque