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Esgoto lançado pelo Saae contamina água de cachoeira em área nobre de Sorocaba

Área de preservação permanente, com 6 hectares, oculta cachoeira que já foi área de lazer de moradores do Wanel Ville, hoje está contaminada

João Maurício da Rosa (Portal Porque)
  • Queda d'água entre ruas Maria de Lourdes Ramos e Fernando Guerguer exalando odor de esgoto. Foto: Divulgação
  • Ponte improvisada pelo Saae sobre tubulação de esgoto que contamina água desde sua nascente nas proximidades. Foto: Divulgação

A Prefeitura de Sorocaba, por meio do Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto), está contaminando e levando à destruição cachoeira localizada em área verde entre o bairro Wanel Ville 5 e os fundos do Cemitério Santo Antônio, na Zona Oeste de Sorocaba.

A corredeira, com quedas d’água que já foram área de lazer dos moradores, está exalando odor de esgoto, lançado diretamente de uma galeria que seria para águas pluviais construída por baixo da rua Benedito Garutti, paralela ao córrego. E, também, por vazamento de tubulações do Saae, segundo moradores do local.

“A nascente do córrego, que origina a cachoeira, está um pouco acima, onde a água nasce limpa, mas vai recebendo esgoto pelo percurso”, comenta Célio Nascimento, vice-presidente da AMO Wanel (Associação dos Moradores do Wanel Ville).

De acordo com ele, a AMO Wanel vem sugerindo melhorias para a cachoeira desde 2010, mas todas as intervenções foram negadas, sob alegação de que se trata de uma área de preservação permanente (APP).

Atualmente, conforme constatado pela reportagem do Porque, além do mau cheiro, os moradores queixam-se de sensação de insegurança provocadada pela frequência de supostos usuários de drogas que se reúnem no local.

Especulação
Cercada por uma densa área de Mata Atlântica, com aproximadamente 60 mil metros quadrados (6 hectares), a cachoeira é conhecida por poucos moradores de Sorocaba e praticamente ignorada pelo poder público.

Também é testemunha da expansão desordenada da zona urbana de Sorocaba, pois está em área antes ocupada por fazendas, que foi liberada para loteamento em 1993 sem a devida cautela para preservação e proteção de seus mananciais.

Em 2018, a AMO Wanel convocou manifestação no local pela manutenção e revitalização da cachoeira e fez campanha para que os sorocabanos fossem visitá-la. De acordo com a entidade, da forma como estava então (e está atualmente), a área gerava insegurança por favorecer esconderijo de criminosos e reunião de usuários de drogas. Mas não há registros de ocorrência de crimes no local.

Recentemente, ao mesmo tempo em que lançava esgoto no córrego, a Prefeitura efetuou a limpeza das picadas que conduziam à cachoeira e construiu uma ponte improvisada sobre um duto de esgoto que era utilizado para passagem dos frequentadores.

O acesso à cachoeira pode ser feito pelo final da rua Fernando Antônio Guerguer de Camargo (onde autoescolas realizam treinamento de motoristas em balizas) ou pela rua Maria de Lourdes Ramos, do outro lado da mata.

A transformação da APP no “Parque da Cachoeira” é antiga reivindicação da AMO Wanel. Por isso, Célio Nascimento ficou surpreso com aparição do prefeito Rodrigo Manga em redes sociais falando sobre um projeto de parque.

“Sobre o parque da cachoeira, não tenho informações, pois ficamos sabendo das ações no local através da rede social, ou seja, não fomos procurados para opinar sobre as obras”, esclarece Célio. O Portal Porque encaminhou e-mail para a assessoria de comunicação do Saae pedindo esclarecimentos sobre as denúncias e aguarda resposta.

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