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Delegado diz que caso Aline levará a ‘mudanças’ na Delegacia da Mulher

Responsáveis pela DDM darão entrevista coletiva nesta quinta-feira (27) para detalhar os desdobramentos da prisão e da punição ao acusado de feminicídio

João Maurício da Rosa (Portal Porque)

Delegado Rodrigues Ayres da Silva, diretor da Academia de Polícia e assistente do Deinter 7. Foto: JMR

Duas semanas após o assassinato da psicóloga Aline Aparecida de Moura Queiroga, 34 anos, vítima de feminicídio, a cúpula da Polícia Civil de Sorocaba projeta mudanças na estrutura da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Sorocaba. A delegada Alessandra Silveira, titular da unidade, continuará no cargo, apesar das críticas, e terá o reforço de novos escrivães que estão em fase de formação na Academia de Polícia Civil de Sorocaba. A delegacia também deverá ganhar um prédio próprio com instalações mais adequadas.

A informação é do delegado Rodrigo Ayres da Silva, diretor da academia e assessor do delegado Wilson Negrão, diretor do Deinter 7 (Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior). Em entrevista exclusiva ao Portal Porque, Ayres disse que a Corregedoria de Polícia Civil está apurando denúncias feitas pela psicóloga dias antes de ser assassinada.

Aline reclamou em grupo de WhatsApp que teve de discutir com um policial que fazia pouco caso de seu problema e que passou uma tarde inteira na DDM para registrar um boletim de ocorrência (BO). “Caso seja confirmado que houve irregularidade praticada por agente policial no seu atendimento, ele será punido”, afirmou o delegado.

Ayres informou que Aline esteve na DDM duas vezes antes de ser baleada atrás do balcão onde trabalhava em loja de tintas do bairro Wanel Ville. Na primeira, foi para denunciar que o ex-namorado quebrara a medida cautelar para se aproximar de sua residência e atear fogo em sua motocicleta.

“Nesta ocasião houve um desencontro, pois ela teve que se ausentar da sala do plantão para ir falar com a psicóloga da delegacia e, quando voltou, tinha outra pessoa no atendimento”, justificou o delegado, coincidindo com mensagem que a própria Aline anotou em diálogo com as colegas psicólogas.

Na segunda ocasião, Aline foi à DDM para receber o botão do pânico, que não teve tempo de usar quando Paulo Juvêncio a surpreendeu em pleno horário de trabalho numa movimentada loja. O botão é usado por mulheres que vivem sob medida protetiva e deve ser acionado para chamar a Polícia Militar em caso de aproximação do agressor.

Ayres disse acreditar que esse dispositivo não tem recebido muita adesão das mulheres porque a logomarca da Polícia Militar fica instalada no seu telefone celular e à vista de outras pessoas. De acordo com ele, o botão teria que ser mais discreto.

O delegado lembrou que Aline foi atendida em todas as suas demandas. Teve o boletim de ocorrência e o pedido de prisão de seu ex-namorado, que foi levado à apreciação do MP (Ministério Público). “O MP decidiu por chamar o suspeito para uma advertência”, informou Ayres.

Aline foi morta 17 dias após a quebra da medida protetiva. Seu ex-namorado, acusado pelo assassinato, foi preso na última sexta-feira, 21, no terminal da Barra Funda, quando tentava fugir de São Paulo. Nas redes sociais, as mulheres registraram dezenas de queixas contra a DDM.

Na entrevista ao Porque, o delegado Ayres deixou evidente que algumas mudanças são essenciais para melhorar o atendimento e a eficiência dos serviços da DDM. “As primeira medidas foram tomadas para localizar e prender o autor. Isso nós conseguimos fazer. Além disso estamos sempre procurando aperfeiçoar e modernizar o atendimento na DDM”, afirmou Ayres.

De acordo com o delegado, uma das formas de melhorar o atendimento na delegacia especializada é trazer os novos alunos que estão cursando a Academia, com formação direcionada ao combate a violência doméstica. “Brevemente eles poderão participar das delegacias de defesa da mulher e dali auxiliar em muito. Qualquer tipo de mau atendimento na DDM e de outras delegacias vão ser apurados”, garantiu Ayres.

Nesta quinta-feira (27), o delegado seccional e exercício, Luís Antônio Lara, e a delegada Alessandra Silveira darão entrevista coletiva para tratar sobre o caso Aline, seus desdobramentos e sobre várias prisões efetuadas na última terça-feira (25). O Portal Porque acompanhará a entrevista.

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