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Conselheiros tutelares recebem orientação sobre como acolher crianças e adolescentes trans

Tema de discussões partiu da grande demanda recebida por conselheiros nos atendimentos prestados ao público LGBT, suas famílias e professores

Fabiana Blazeck Sorrilha (Portal Porque)

Conselheiros Tutelares receberam orientações de como acolher e respeitar crianças e adolescentes trans. Foto: Divulgação

Em Sorocaba, membros do Conselho Tutelar da Criança e Adolescente receberam a formação “Diversidade Sexual e de Gênero” para proporcionar um atendimento mais acolhedor e pautado no respeito a pessoas transgêneros. A motivação para a abordagem do tema partiu das inúmeras demandas trazidas por conselheiros e conselheiras, tangenciando os atendimentos e orientações a familiares e professores que estão mais próximos desse público.

A atividade está inserida ainda no calendário de ações para marcar o Mês do Orgulho LGBTQIAPN+, agora em junho, e preenche uma lacuna de atenção a esse público, que sofre com ataques do poder público, como a ação do prefeito Rodrigo Manga (Republicanos), que determinou o fechamento, em junho de 2023, do ambulatório de atendimento às pessoas trans, que tinha espaço na UBS da Vila Fiore.

Vereadores da direita extremista também dão coro à voz da intolerância ao não apoiarem a concessão de título de utilidade pública à ATS (Associação de Transgêneros de Sorocaba). O tema esteve por seis vezes na pauta da Câmara Municipal e, na última vez, em maio deste ano, foi alvo de discussões entre os vereadores.

Thara Wells, conselheira negra e trans que organizou a dinâmica de discussão sobre o tema, explicou que a proposta é sensibilizar a equipe técnica para que atuem com mais força como rede de proteção a essas crianças e adolescentes que, muitas vezes, não encontram espaço para dialogar sobre sexualidade ou gênero.

“Na capacitação, mostramos os dados da violência contra pessoas LGBT, além da desigualdade sofrida, falamos da importância do acolhimento da família, da escola e do Estado às crianças e adolescentes trans, da questão psicológica e das desigualdades de gênero”, explicou. Todos os participantes receberão um certificado por acompanharem o debate da temática.

“No Conselho Tutelar, a orientação é que as demandas que chegam em forma de denúncias de atitudes e comportamentos contra o público LGBT sejam acolhidas para, depois, serem encaminhadas para os poucos serviços da rede de saúde disponíveis”, observou a ela. “Ainda não temos na cidade serviços exclusivos para o atendimento dessa população que urge ser respeitada, acolhida e direcionada aos atendimentos de qualidade, visando a garantia de sua dignidade. É como um mantra: conhecer, conviver e respeitar”, reforça Thara.

Como mulher trans que dá voz ao público LGBT, Thara acredita que as negligências, violências e omissões deixarão de existir. “Quando criança e adolescente fui refém dessas violências. Não atingimos o ideal, mas não posso dizer que não avançamos no respeito à diversidade”, finaliza.

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