Busca

Depois de quebrar os cofres da Prefeitura, Manga coloca Sorocaba à venda

Tropa do prefeito na Câmara de Vereadores atropela oposição e dá cheque em branco para Manga entregar parques, praça e até o prédio da Prefeitura para a iniciativa privada

Jesus Vicente (Porque)

Nem o prédio da Prefeitura escapou: ao todo, são 41 espaços públicos que podem ser entregues para a iniciativa privadaFoto: Prefeitura de Sorocaba

Depois de quebrar os cofres da Prefeitura, com uma dívida que ultrapassa a casa dos R$ 200 milhões, o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) decidiu colocar Sorocaba à venda. Entre os produtos que estão na “prateleira” comercial do prefeito estão o Parque das Águas, o Quinzinho de Barros, os centros esportivos, as praças da cidade, os terminais de ônibus e até o prédio da própria Prefeitura, o Palácio dos Tropeiros.

Com o sugestivo nome de “Sorocaba Business”, o projeto de Manga que coloca 41 espaços públicos da cidade nas mãos da iniciativa privada foi aprovado na tarde desta terça (12) pela Câmara de Vereadores, durante sessão extraordinária.

Embora o projeto não apresente os detalhes da “privatização” com clareza, os vereadores aprovaram a proposta com apenas quatro votos contrários: Fernanda Garcia (PSOL), Francisco França (PT), Iara Bernardi (PT) e Salatiel Hergesel (PDT). Na prática, o projeto aprovado representa um cheque em branco para Manga fazer o que bem entender com os espaços públicos, que podem ser explorados comercialmente por até 35 anos.

A justificativa da proposta defendida pelo líder do Governo, o vereador João Donizeti (PSDB), e sua base aliada, era de que os espaços públicos de Sorocaba estão mal cuidados, e que a entrega para a iniciativa privada iria salvar tais espaços do abandono e ainda gerar dividendos para os cofres públicos, por se tratar de concessão onerosa.

A oposição, por sua vez, se queixou da pressa para se aprovar um projeto com esta amplitude, dando uma espécie de cheque em branco ao prefeito, já que os termos apresentados por Manga são genéricos e não tratam de questões importantes, como a cobrança ou não de estacionamento, valor de ingresso ou até mesmo a forma como a empresa vencedora da concessão exploraria o local.

“Isso é criminoso”, tachou a  petista Iara Bernardi. “Então o vendedor de carro da rua Sete resolveu vender a cidade inteira?”, ironizou Francisco França. O petista ainda apelou para João Donizeti e pediu que o líder do Governo retirasse o projeto de pauta para se discutir a proposta na sessão de quinta-feira, mas não foi ouvido.

Alinhados, o líder do governo e o presidente da Câmara, Cláudio Sorocaba (PL), atropelaram a oposição. A dupla impediu até votação no painel e fez a base aliada rejeitar a emenda da vereadora Fernanda Garcia, que impediria, ao menos, a cobrança de estacionamento.

Quebrou a cidade

Mas por que o Governo Manga quer vender os espaços públicos? Porque as contas da Prefeitura de Sorocaba estão quebradas. Segundo apurou o Portal Porque, a Prefeitura está no vermelho e o rombo já ultrapassou a casa dos R$ 200 milhões (R$ 60 milhões só com fornecedores).

Para se ter uma ideia, só nos últimos dias, a Prefeitura deu calote no pagamento das horas-extras dos servidores e em dezenas de empresas que prestam serviços de limpeza, saúde e educação. Até a empresa que opera as linhas de ônibus de Sorocaba está há meses sem receber.

LEIA TAMBÉM

>> Servidores acusam Prefeitura de dar calote em horas extras

>> Manga dá calote milionário no Santa Lucinda, que deixa de fazer 230 cirurgias

>> Prefeitura de Sorocaba repassa menos da metade do subsídio ao transporte

>> Trabalhadores da UPA Éden ficam sem salário e INCS culpa prefeitura pelo atraso

>> Gestão Manga quebra ordem de pagamento a fornecedores, favorecendo ‘amigos’

mais
sobre
contas crise financeira Governo Manga Manga privatização sorocaba vereadores
LEIA
+