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Editorial: Quem está do lado do bandido?

Portal Porque destaca a votação dos deputados para decidir sobre a prisão de Brazão; Jefferson Campos, deputados por Sorocaba, foi contra

Frédi Vasconcelos*

CRÉDITOS:

A Câmara dos Deputados, em Brasília, votou esta semana se o deputado Chiquinho Brazão (sem partido) permaneceria preso ou não por ter sido delatado por um réu confesso de ser um dos mandantes da morte da vereadora Marielle Franco. A maioria dos deputados votou para manter a prisão, mas 129 queriam soltar Brazão. A maior parte dele do PL, partido do ex-presidente Bolsonaro.

Dos 83 deputados do partido, apenas 7 foram favoráveis à prisão. Outros se abstiveram, alguns faltaram, mas mais de 70 queriam que o mandante delatado do assassinato de Marielle fosse solto. Entre eles, o próprio filho de Bolsonaro, o deputado Eduardo (PL-SP). Além do deputado sorocabano Jefferson Campos (também do PL), favorável à soltura de Brazão, que poderia fugir ou se refugiar em alguma embaixada, como já fez o próprio ex-presidente, que correu para a embaixada da Hungria quando sentiu medo de ser preso.

É bom lembrar a ironia. O mundo não dá voltas, capota. Boa parte desses deputados do PL, a sua maioria de extrema direita, faz campanha e se elege com o discurso de “bandido bom é bandido morto”, justificam a prisão indiscriminada de pobres e pretos na periferia e as chacinas que ocorrem cotidianamente no nosso país. Agora, que a prisão chega a um deputado de direita, acusado de ser ligado à milícia do Rio de Janeiro, tentam se apegar a qualquer desculpa para soltá-lo.

Essa ironia já fora notada antes, na condenação das pessoas acusadas de tentar dar um golpe de Estado no 8 de janeiro de 2023. Pessoas que nunca se importaram com as péssimas condições carcerárias do País, há décadas, talvez séculos, passaram a fazer discurso de que os “patriotas” estão sofrendo em suas celas superlotadas, com alimentação ruim etc.

Bem-vindos à catastrófica realidade sentida por mais de 800 mil pessoas que estão encarceradas no Brasil, sendo que mais de 200 mil dessas pessoas estão presas sem nem mesmo terem sido condenadas. Normalmente pobres que não têm dinheiro para contratar um advogado e ficam em prisão provisória por anos, até mesmo décadas.

Realidade que nunca foi denunciada por quem quer agora proteger apenas “os seus” golpistas ou um acusado de mandante de homicídio. Da mesma forma que fazem homenagens a policiais que matam indiscriminadamente ou, até mesmo, condecoram milicianos, como já fez um filho de Bolsonaro quando deputado estadual. Mas e aqui em Sorocaba?

Quando o Porque publicou, esta semana, que o deputado Jefferson Campos queria soltar Brazão, a leitora Denise Amadeus questionou: “@depjefferson qual motivo do apoio a uma pessoa q mata? A leitora cozendeymonica, no seu comentário, afirmou: “Ja tá bem óbvio que a direita brasileira, no mínimo boa parte dela, fecha com a mil1cia.” Já marcos.antonio.50, constatou: “Bandido bom é bandido morto kkkkkkk, olha a frase de bolsonaristas kkkkkkk cadê? 😂😂😂😂 só que pra eles não né”…

É esse o sentimento que fica quando tentam soltar, até mesmo, uma pessoa acusada de mandar matar uma vereadora, num dos crimes mais hediondos vistos neste País. Há uma questão política e ideológica em jogo, mas pode não ser só isso. Será que alguém quer aliviar para Chiquinho Brazão com medo de que ele, ao notar que será condenado, entregue mais algum mandante? É aguardas as cenas dos próximos capítulos. Mas o que já fica claro é quem, de verdade, está do lado de bandidos.

*Frédi Vasconcelos é coordenador do Portal Porque

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