![](https://portalporque.com.br/wp-content/uploads/2024/04/IA.jpg)
Proposta do governador Tarcísio de substituir professores curriculistas por inteligência artificial é vista como precarização do ensino. Foto: Freepik
O governo do Estado de São Paulo, liderado pelo bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos), anunciou na semana passada que passará a utilizar a ferramenta de inteligência artificial ChatGPT para auxiliar na produção de aulas digitais destinadas a professores da rede estadual. A iniciativa marca uma mudança no método de produção do material didático, que até então era elaborado exclusivamente pelos chamados “professores curriculistas”. A decisão deixou a categoria indignada e motivou o posicionamento da Apeoesp (Associação dos Professores Estaduais do Estado de São Paulo) contra o uso da inteligência artificial para esse fim.
De acordo com a entidade de classe, a decisão de substituir professores na elaboração de aulas e materiais digitais na rede estadual de ensino de São Paulo, como pretendem o governador e o secretário estadual da Educação, Renato Feder, é “absurda e irresponsável”.
“Essa (decisão) representa uma nova e grave tentativa de precarização dos profissionais da Educação e um ataque aos direitos dos estudantes”, posiciona-se a Apeoesp em nota enviada ao Porque. Para a associação, a inteligência artificial é uma ferramenta que tem limitações, mas pode contribuir no processo pedagógico, desde que baseada em longo e refletido planejamento, para potencializar as estratégias de ensino e aprendizagem decididas e conduzidas por professores.
“Não pode substituir professores como responsáveis pela formulação de conteúdo pedagógico. Ela é meio, não fim em si mesma. Sabemos de erros cometidos pela inteligência aritificial (IA) em diversas áreas, com base em equivocadas associações de informações. A possibilidade desses erros não serem detectados causará graves prejuízos ao processo ensino-aprendizagem nas escolas estaduais. Além disso, o uso amplificado da lA poderá resultar ainda em demissões de professores. Os recursos gastos nesse tipo de inovação questionável bem poderiam ser revertidos em valorização salarial dos professores”, argumenta.
A Apeoesp diz que lutará para impedir a concretização de mais esse ataque à educação estadual, assim como lutou e derrotou a tentativa do secretário Feder de retirar a rede estadual de ensino do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), digitalizando todo o processo educativo.
Outro lado
A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) planeja implementar um projeto-piloto para incluir a IA como uma das etapas do processo de aprimoramento de aulas do 3º bimestre dos Anos Finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Esse processo de fluxo editorial ainda será testado e passará por todas as etapas de validação para que seja avaliada a possível implementação.