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Fauna e flora também sofrem impactos dos extremos climáticos como o do RS

Nas enchentes do Rio Grande do Sul, insetos, répteis e pequenos mamíferos, se não morreram, terão de se adaptar à falta de alimentos

Fabiana Blazeck Sorrilha (Portal Porque)

Animais silvestres também sofrem as consequências das alterações climáticas extremas como as vistas no RS. Foto: Divulgação

Não são só as pessoas e os animais domésticos que sofrem com as extremas alterações climáticas que o Brasil vivencia. Depois das chuvas em volume quatro vezes maior do que o normal no Rio Grande do Sul para essa época do ano, a herança do que já é considerada uma das maiores tragédias climáticas do Brasil também ficará para a flora e a fauna.

Obviamente, a fauna silvestre não resiste às ondas de calor fortíssimas, muito menos às enchentes que afogaram espécies e alteraram o equilíbrio da cadeia alimentar, o que pode ainda matar outras pela escassez de alimentos, só para citar dois tipos de extremos climáticos vividos nos últimos anos. Segundo publicação feita pela Agência Brasil, equipes de salvamento e voluntários que atuam para amenizar a tragédia têm visto peixes nadando pelas ruas de Porto Alegre, além de peixes mortos, inclusive espécies exóticas como a piranha e tilápias, que são muitas no Rio Guaíba.

Segundo explica Gabriel Bitencourt, professor e ambientalista, há insetos que têm como ambiente ideal para sua reprodução os alagadiços e, com temperaturas elevadas, essa situação favorece a proliferação do mosquito transmissor de arboviroses, causando impacto nesse ciclo natural da vida. Outros podem sofrer com o aumento da temperatura e até morrer pela falta de alimentos. “Plantas que não sobrevivem às altas temperaturas, por exemplo, podem deixar sem alimento a avifauna e polinizadores, como as abelhas”, esclarece.

Não desmerecendo todo o trabalho feito para o resgate de milhares de animais domésticos, o ambientalista lembra da necessidade de também pensar na fauna silvestre. “Vimos notícias sobre o resgate de mais de dez mil animais, especialmente cães, gatos, entre outros animais de estimação. Ficou famoso o resgate de um cavalo, chamado de Caramelo, depois de sobreviver por alguns dias sobre o telhado de uma casa inundada. No entanto, não se fala quase nada sobre o resgate da fauna silvestre. Esta, em grande parte, deve ter sofrido impactos mortais, além das espécies de pequeno porte incluindo os répteis como cobras, pequenos mamíferos como tatus que, simplesmente, não têm como sobreviver à enchente, podendo morrer por afogamento ou pela perda de habitat e de alimentos”, reforça.

Negacionismo climático
A reflexão sobre os impactos das mudanças climáticas passa também pela insistência de negar que não existe o desmatamento da Amazônia, o aumento da temperatura dos mares, a disseminação de agrotóxicos sem controle ou a emissão de poluentes em níveis mortais.

Segundo Gabriel, o negacionismo climático tem consequências para toda a vida terrestre, já que toda ela depende do oxigênio para viver. “A maior parte do oxigênio produzido no planeta vem do fitoplâncton que fica na superfície dos oceanos. Com o aumento da temperatura dos oceanos, esses organismos, essenciais para a vida na Terra, podem não sobreviver. Assim, toda a vida que depende do oxigênio sofrerá gravíssimos impactos”, assevera.  

Além deste fato, a morte do fitoplâncton poderá provocar outros reflexos em cadeia na vida dos demais seres vivos. “Infelizmente, o negacionismo climático poderá nos levar a uma situação de imensuráveis consequências”.

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