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Transformação do São Bento em empresa está proxima e nas mãos dos sócios

A instituição, de outubro de 1913, vai constituir sua SAF (Sociedade Anônima de Futebol) e cedê-la à iniciativa privada, em troca de R$ 130 milhões em investimentos e cota de participação de 10% na nova empresa

Jesus Vicente (Portal Porque)

História de 110 anos do Esporte Clube São Bento seguirá um novo rumo com a venda iminente do time de futebol. (Foto: Jesus Vicente/Portal Porque)

O Conselho Deliberativo do Esporte Clube São Bento, instituição centenária e patrimônio imaterial de Sorocaba, se reúne novamente nesta segunda-feira (1), desta vez para aprovar a proposta de venda do clube, de R$ 130 milhões, oferecida pelos ex-jogadores Zé Roberto e FranSérgio e o ex-presidente da SAF do Estoril, de Portugal, o empresário Tiago Ribeiro.

Na sequência, o processo de venda do Azulão sorocabano, se aceito pelo Conselho Deliberativo, seguirá para o Conselho Fiscal, que fará a “Due Diligence”, uma espécie de pesquisa e certificação dos documentos e garantias apresentados na proposta dos adquirentes. O Conselho Fiscal terá 90 dias para dar seu parecer.

Depois desse parecer, o processo seguirá para a Assembleia Geral, que dará o sim ou não sobre o fim do São Bento como esporte clube para a criação do São Bento SAF, que irá para as mãos da iniciativa privada.

Mediado pela empresa Pluri Sport Capital, que recentemente mediou a venda do Botafogo-PB, o processo de venda do São Bento começou em abril e segue em ritmo acelerado com reuniões sigilosas do Conselho Deliberativo e da Diretoria Executiva.

Para a decisão, terão direito a voto os sócios contribuintes, aproximadamente 300 pessoas, mas em outubro passado, quando o São Bento reformou o estatuto para poder ser SAF, apenas 63 sócios votaram, e apenas dois deles votaram contra a reforma.

Quem são?
O mediador da negociação é Fernando Ferreira, da Pluri Sport Capital, que no ano passado atuou como consultor voluntário para reformar o estatuto do Esporte Clube São Bento e deixá-lo apto a virar SAF.

Ele representa o ex-meio campista da seleção brasileira Zé Roberto; o também ex-atleta e empresário FranSérgio; e o também empresário do ramo do futebol e ex-presidente da SAF do Estoril, de Portugal, Tiago Ribeiro.

O Conselho Fiscal tem 90 dias para dar o parecer da “Due Diligence”, mas o mediador Fernando Ferreira tem pressa. Na última reunião, dia 24, ficou furioso ao saber que o estatuto prevê prazo de 90 dias para o Conselho Fiscal dar seu parecer. Mas o presidente do Conselho Deliberativo, Wilson Vieira, o tranquilizou com a possibilidade de ir mais depressa.

R$ 130 milhões?
O tamanho da cifra – R$ 130 milhões (não 100 milhões como o Porque chegou a noticiar) – impressiona. Mas de toda essa fortuna, que os compradores prometem investir em nove anos, apenas 10%, ou seja, R$ 13 milhões, serão do Esporte Clube São Bento. O restante, R$ 117 milhões, será investido no São Bento SAF, ou seja, na nova empresa, que terá um novo CNPJ, portanto, uma nova pessoa jurídica.

“Eles vão investir 130 milhões no que será para a vida toda deles. Para o clube vão repassar 13 milhões, que ainda podem ser diluídos em nove anos, ou seja, vão pagar a dívida e não vai sobrar quase nada para o clube. Vamos trocar o patrimônio da cidade pela dívida”, diz uma das fontes da reportagem.

Outra fonte ironiza: “Como vão alugar o CT Humberto Reale até eles construírem o CT deles, o São Bento, como clube, vai ficar até sem CEP e, provavelmente, voltemos a morar de favor sob a marquise do (estádio municipal) Walter Ribeiro”.

História x dificuldades e sonhos
A reportagem apurou que o sonho de ser grande é o principal combustível que alimenta a criação do São Bento SAF, embora o cenário financeiro adverso do ano que vem também ajude .

Zé Roberto, FranSérgio e Tiago Ribeiro prometem pôr São Bento SAF no Brasileiro B até 2030 e, neste tempo, colocar o São Bento SAF no Top 5 do interior paulista no profissional e no Top 10 na base.

Se a proposta for aceita como está, São Bento SAF será um time privado da base ao profissional.

Para 2025, a cota da Federação Paulista, que neste ano foi de RS 1,1 milhão, deve cair para 800 mil e, além disso, o clube deve perder 500 mil por ano por ter ficado de fora do programa Time Mania e, além disso, ainda paga 50 mil reais de boleto por mês de dívidas negociadas.

Esse quadro nada promissor financeiramente para 2025 também embala o sonho dos conselheiros que apoiam a venda: “Se não vender, ano que vem estaremos mais próximos da A-3 que do acesso”, diz um dos defensores da privatização.

Quem decide?
No Conselho Deliberativo, o mais importante em decisões desta natureza, a impressão colhida pela reportagem é a de que a privatização do Bentão passará com bastante tranquilidade, e a maioria esmagadora dos 23 conselheiros é a favor da privatização.

Na Direita Executiva, a reportagem mapeou três diretores contrários à negociação, mas são votos vencidos diante do cenário do momento.

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