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Preços dos remédios sofrem reajuste de 5,6%, mas aplicação pode não ser imediata

Levantamentos mostram que, apesar da grande variação de preços de uma farmácia para outra, maioria dos brasileiros não pesquisa antes de comprar

Fernando Narazaki (Folhapress)

Reajuste leva em conta variação do IPCA, entre outros fatores, e foi linear, atingindo também medicamentos de alto custo. Foto: Katka/Pixabay

Os remédios terão aumento de 5,6% a partir desta sexta-feira (31). A definição foi feita pela Cmed (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) e publicada em edição extra do Diário Oficial da União.

O reajuste é feito uma vez por ano e, embora as farmácias e drogarias já possam aplicá-lo, a alta não será necessariamente imediata, pois depende de cada farmácia e da indústria farmacêutica.

“Normalmente a farmacêutica demora dez dias. Já as farmácias dependem do estoque e da estratégia comercial que elas têm. Aumentos de preço podem demorar meses ou nem acontecer”, diz o presidente-executivo do Sindusfarma (Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos), Nelson Mussolini.

No ano passado, o aumento autorizado foi de 10,89%, o segundo maior desde 2012. O reajuste é estabelecido pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que ficou em 5,6% entre março de 2022 e fevereiro de 2023. Além do índice, a Cmed leva em consideração fatores como concorrência, produtividade e aumento de produtos, que não entram no cálculo do IPCA.

Em sete estados do país, esta será a segunda vez que os medicamentos sobem de preço neste ano. Em março, houve reajuste nos estados de Bahia, Piauí, Paraná, Pará, Sergipe, Amazonas e Roraima em virtude da elevação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para compensar corte de imposto na gasolina e na luz, feitos pelo governo Bolsonaro.

O reajuste anual foi o mesmo para os três níveis de preço de remédios, já que o fator de produtividade ficou zerado. É o segundo ano consecutivo que ocorre um aumento desta forma, o que prejudica o consumidor, uma vez que os diferentes níveis eram uma forma de segurar a aumento elevado dos remédios de alto custo.

A recomendação é que o consumir pesquise em diferentes estabelecimentos para aproveitar o melhor preço. “É preciso comparar os preços, pois há uma variação grande de acordo com o número de concorrentes. A dica é sempre pesquisar”, afirma Mussolini.

Apesar da recomendação, uma pesquisa feita pelo Ifepec (Instituto Febrafar de Pesquisa e Educação Corporativa) em parceria com o Neit (Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia, do Instituto de Economia da Unicamp) mostra que a maioria dos clientes de farmácias não tem o hábito de pesquisar.

O levantamento aponta que 68,9% dos consumidores não costumam pesquisar em mais de uma farmácia. O número é menor do que o registrado em 2022, quando foi de 84,7%, mas ainda segue sendo maioria. Dos 4.000 brasileiros que responderam, 17,8% não pesquisaram no dia que efetuaram a compra e apenas 13,3% fizeram um comparativo, seja presencialmente ou pela internet.

Na mesma pesquisa, 82,13% dos entrevistados apontam que o preço foi o fator que pesou para definir a compra, seguido por localização (10,25%), estoque (3,40%) e Farmácia Popular (2,15%).

Outro dado que a pesquisa indica é o aumento de pessoas que não vão mais à farmácia para adquirir o medicamento. Neste ano, 24,8% dos clientes disseram que compraram remotamente, usando WhatsApp, telefone ou internet. O número é quase 50% maior do que em 2022, quando 16,8% afirmaram ter feito a compra sem ir à farmácia.

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