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Rosa de Prata resiste às dificuldades por amor ao samba e ao carnaval

Comunidade, da Vila Castelo Branco, vive a expectativa de retorno dos desfiles de rua

Israel Moreira

Fachada da quadra da Rosa de Prata na Vila Castelo Branco. Foto: Reprodução/Redes Sociais

O anúncio de retorno dos desfiles das escolas de samba para o ano em que se comemora os 250 anos de Campinas vem sacudindo os foliões de toda a cidade. Na Vila Castelo Branco, ou melhor, na Vila Bela, como é popularmente conhecida, o panorama não é diferente.

Território de grandes sambistas e palco sagrado da Escola de Samba Rosa de Prata, o carnaval é o resultado de um ano todo de trabalho dos moradores em prol do significado maior para eles: o samba.

O presidente da agremiação carnavalesca, Rafael Rosa, de 38 anos, comemora o possível retorno, mas ressalta que a escola se mantém o ano todo com atividades para a sua comunidade. “A escola realiza, na nossa quadra, eventos o ano todo. Projetos sociais tem um espaço especial junto aos moradores são fatores fundamentais para o funcionamento da Rosa”, afirma Rafael, lembrando das aulas de capoeira e bateria que acontecem na quadra todas as semanas.

Em Campinas, a Rosa de Prata pode se orgulhar de ser a única escola de samba com local próprio para realizar suas atividades culturais e sociais desde o final da década de 1980, já que detém o uso de um espaço com quadra poliesportiva, banheiros e bares, na Rua Montese, no coração do bairro, e que pertencia à Instituição Global de Serviços Humanitários Lions Club de Campinas.

Sem desfiles oficiais desde 2015, Campinas vive uma espécie de “deserto cultural” para as escolas de samba. Mas no coração dos apaixonados pelo carnaval, a resistência é a palavra-chave. Rafael explica como a escola vem se mantendo sem recursos públicos durante todos esses anos.

Rafael Rosa, presidente da Rosa de Prata: “Fazer carnaval em Campinas não é para qualquer um. Tem que amar muito para não desistir”. Foto: Divulgação

“Todos os dias temos várias batalhas diferentes, lutamos para sobreviver. Ser escola de samba em Campinas não é para qualquer um. Vendemos os shows da bateria, comercializamos materiais da escola como bonés, camisetas e moletons. Fazemos rifas, contamos com doações. Não é nada fácil, tem que amar muito tudo isso para não desistir”, frisa o presidente.

Sem financiamento público, as escolas precisam se organizar, se estruturar primeiramente e buscar outras formas de recursos. “Antigamente, no tempo do seu Aluízio e do Rubão, outro nome marcante no bairro e da escola, falecido em 1999, existia o livro de ouro. Hoje, a união dos moradores, diretores e todo a comunidade do samba fortalecem cada vez mais a busca de novos apoios para construir a cada ano uma história diferente”, completa.

Fundada em 10 de março de 1975 pelo sambista e artista plástico Aluízio Jeremias, seu irmão Cláudio Jeremias e Paulo Roberto, a escola desfilou com o enredo “Tróia Negra” de autoria do próprio Aluízio. No ano seguinte, artistas do grupo Teatro Evolução passaram a integrar o corpo diretivo da escola, entre eles, Antônio Carlos da Silva, o TC, fundador da Casa de Cultura Tainã.

A agremiação é uma das mais tradicionais da cidade e com três títulos conquistados no grupo especial do carnaval de Campinas (1998, 2010 e 2011). A Rosa de Prata também é uma referência e orgulho para os moradores da Vila Bela.

Escolinhas de bateria da Rosas de Prata: todas às terças e sábados na quadra da escola. Foto: Divulgação

Oficinas e projetos sociais

Um dos pilares que sustentam as escolas de samba espalhadas por todo o Brasil é a responsabilidade social através das ações realizadas juntos à sua comunidade. Na Vila Bela, essa relação é explícita desde o início das oficinas de bateria e capoeira.

“Nós percebemos em dias de ensaio, que nos intervalos, crianças, jovens e adultos se reuniam diante dos instrumentos e ficavam ali, olhando, pegavam as baquetas e instrumentos, faziam movimentos com as mãos como se estivessem tocando. Eu e os diretores da escola percebemos que havia algo diferente nisso e resolvemos criar a oficina de aprendizado para todos os interessados em aprender os instrumentos utilizados nas baterias de escolas de samba”, conta Rafael.

O projeto conta hoje com 25 pessoas e está aberto para quem quiser aprender.

Serviços:
Oficinas de Bateria:
Todas as terças (20h) e sábados às 10h

Aulas de Capoeira:
De segunda e quarta-feira, às 20h, com o contramestre Roni Souza
Onde: Rua Montese, s/n – Vila Castelo Branco, Campinas.

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